sexta-feira, 2 de setembro de 2005

"Mãos que falam" de 28 de Agosto

"Mãos que falam" é uma crónica escrita pela Margarida Rebelo Pinto no Jornal de Notícias, e no passado Domingo, dia 28 de Agosto escreveu:

"Homens e bichos"

"Sempre intuí nas pessoas excessivamente devotas aos animais uma disfunção efectiva em relação aos outros seres humanos. Entendo e aceito a dedicação a cães que funciona como vazadouro de afectos e objecto ideal para o exercício de práticas dominadoras, aceito a tranquilidade que traz o dorso macio de um gato como panaceia anti-stresse e até admito que os peixes têm um efeito relaxante para os olhos e os neurónios. O que não percebo são as pessoas que tratam os animais como pessoas, até porque na maior parte dos casos acabam por tratar as pessoas como animais. Aquelas que têm fotografias do cão de estimação à mesa de cabeceira, que mudam de casa por causa do cão, que atravessam o país inteiro para arranjar uma namorada para o cão, que gastam mais dinheiro no veterinário do cão do que num seguro de saúde, que falam com os bichos como se fossem gente.
Conheço um cão assim, chamado Jonas, um basset hound das melhores famílias, com trote de imperador chinês no trono há mais de 500 anos, nariz mais empinado que o da Manuela Moura Guedes e uma dose de autoconfiança superior à da Teresa Guilherme. O Jonas é bonito, altivo, elegante, mimado e cheio de charme, enfeita qualquer sala e enobrece o mais majestoso dos jardins, ladra muito pouco e sabe receber as visitas de forma cordial e afectuosa, faz sala e algumas gracinhas, põe as crianças loucas de alegria e os adultos babados de orgulho, enfim é uma companhia agradável, civilizada e de certo modo até recomendável.
Mas o meu amigo Jonas tem um grave problema: trata-se de um cão convencido que é uma pessoa. O Jonas tem dores de cabeça, depressões, amua, sofre com as separações na família, reclama programas sociais com outros cães, protesta quando não lhe dão atenção, rosna quando lhe tiram o canal Panda do écran da televisão, tem dias de mau feitio e de neura que ninguém o atura. Tal e qual uma pessoa. A dona, que o adora, às vezes conta-lhe a história de um cãozinho que era pobrezinho e foi encontrado na rua e o Jonas uiva, solidário e comovido com o drama. Não, não é ficção, é mesmo verdade.
E como o Jonas já estava farto de viver só entre os seus iguais, agora tem uma namorada canídea como ele, a quem ele já tratou de explicar que ele é uma pessoa e ela não. A namorada do Jonas que não é tão esperta como ele mas será menos equivocada, está a pouco e pouco a adquirir os mesmos problemas de personalidade do seu par. E o casal já tem honras de fotografia na sala em moldura de prata.
Não sei porquê, mas a história do Jonas faz-me lembrar uma anedota sobre um maluco internado no Hospital Miguel Bombarda que pergunta aos transeuntes vocês aí fora, no mundo, são muitos? Provavelmente, muito mais do que o bom senso imagina."


Sinceramente não percebi bem qual era a intenção dela, se tem ciumes dos animais de estimação, ou se foi deixada pelo dono de algum... ela não deve gostar nada de animais para dizer que quem é devoto tem uma disfunção efectiva, ela é que deve ter, provavelmente não deve ter muita sorte nos relacionamentos, para escrever esta crónica. É das coisas mais foleiras que já li, se mandasse no jn despedi-a. E como leitor fui ofendido, por ser defensor dos animais :D.
Não encontrei o email no site oficial, mas se quiserem procurar lá melhor http://margarida.clix.pt/. Se encontrarem avisem para protestar :D.

2 comentários:

bonifaceo disse...

Txi, fizeste-me ir ver ao diccionário o que eram alarvidades, tipo, eu conheço a palavra alarvo, mas estava naquela se era daí que vinha ou não...
Eu nunca leio a crónica dela, quem lê é a minha prima, e ela falou-me nesta, porque não gostou e eu li e também não achei piada nenhuma, sem lógica mesmo.

bonifaceo disse...

Exercício intelectual entre aspas, porque não tenho assim muito jeito para escrever, infelizmente :D